segunda-feira, 7 de julho de 2014

Depoimento de Ima Vieira, pesquisadora do museu Paraense Emílio Goeldi

A carioca da gema Bertha Becker é uma das cientistas mais fascinantes que eu conheço. Mantemos uma agradável amizade e contato contínuo, sempre discutindo ciência e situações que nos atraem a atenção. 
Bertha é uma mulher irrequieta, curiosa, forte e doce, que é capaz de estar um dia no Rio de Janeiro e no outro na fronteira do Brasil com a Bolívia, à procura de entender o que está acontecendo na e com a Amazônia. Ao longo de mais de 30 anos de estudo sobre o Brasil, e em particular sobre a Amazônia, produziu uma extensa obra e fez reflexões importantíssimas sobre a dinâmica da região. 
Mais do que isso, fez muitas propostas. Bertha é cheia de novas ideias! E tem trazido enorme contribuição ao conhecimento dos processos transformadores da Amazônia e defendido a ideia de um novo padrão de desenvolvimento que exige uma revolução científica, de maneira a permitir um aproveitamento sustentável dos recursos naturais. 
Sua obra nos ajuda a compreender as visões conflitantes e opostas sobre a região – as perspectivas desenvolvimentistas, de um lado, e a conservacionista, de outro – e pensar em estratégias inovadoras para dar um salto econômico responsável. 
A obra densa da professora Bertha demonstra o seu compromisso com a região amazônica e o seu povo. Sua disposição para elaborar estudos, análises e propostas é enorme e os faz com uma agudeza que só se adquire em muitos anos de trabalho e de observação. Assim, Bertha Becker realiza aquilo que deveria ser o propósito de qualquer pesquisador: a partir do conhecimento sólido e maduro, estimula o debate de ideias e o auxílio para a compreensão dos acontecimentos atuais. 

Depoimento de Adma Hamam de Figueiredo, coordenadora de geografia do IBGE

Fui aluna da professora Bertha na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e ela acabou sendo a minha orientadora na tese de Doutorado. Posteriormente, desenvolvemos vários trabalhos em parceria, e eu posso destacar a tentativa contínua de inovar em termos de trabalho teórica da Geografia. 
 
Bertha é uma professora absolutamente inquieta, que, apesar dos longos anos de experiência, ainda mantém como ponto central de seu legado a criatividade. Ela está sempre buscando aliar o teórico com propostas para solucionar questões práticas e cruciais para o Brasil, a exemplo da Amazônia. 
 
Grande parte de sua obra tem como foco a questão da Amazônia, principalmente no sentido de aliar o saber conceitual com o metológico a fim de apontar soluções e encaminhamentos para a Amazônia brasileira. 
 
Seus estudos têm ênfase na geopolítica, uma vez que a professora Bertha não consegue separar geografia e política, ela trabalha sempre com múltiplas escalas. Ainda sobre os estudos na Amazônia, talvez sejam a grande contribuição dela para a academia no âmbito nacional e internacional. Ela tem acompanhado a história contemporânea do Brasil e feito uma leitura de inserção da Amazônia pelo jogo de poder dentro e fora do País. 

Depoimento de Adalberto Val, diretor do Instituto de Pesquisa da Amazônia (Inpa)

Bom, vou definir de forma bem pontual o que eu penso sobre a Bertha: ela é uma profissional brilhante e extremamente competente. Eu diria que ela é uma das pessoas mais incríveis com as quais eu já tive oportunidade de trabalhar. 
As pesquisas desenvolvidas por ela contribuíram de forma bastante marcante para pensarmos um novo passo territorial, principalmente na Amazônia. Ela mantém uma postura extremamente instigante no sentido de propor novas alternativas para a Amazônia, soluções estas que evidenciem a compreensão e a valorização das características geopolíticas e econômicas da região. 
Trabalhar com ela foi imensamente prazeroso porque ela está sempre instigando esse trabalho de pensar. Por isso, todos nós devemos absorver o legado da Bertha Becker para que possamos fazer intervenções mais seguras na Amazônia.