sexta-feira, 8 de março de 2013

Notícia sobre o II SIMPÓSIO

Matéria publicada no Jornal Brasil (http://www.jornalbrasil.com.br/)


A geógrafa Bertha Becker defendeu nesta quinta-feira (7) o diálogo entre ciência e políticas públicas para a Amazônia, destacando o aspecto da integração como elemento central na discussão, diante das inúmeras ações feitas na região sem alcançar o sucesso almejado.

“O diálogo é urgente. Isso porque são muitos planos sucessivos e planejados e não efetivamente construídos. Falta uma política que costure isso”, afirmou a pesquisadora, que se define como uma geógrafa política.
Para tanto, acrescentou Bertha, ainda é preciso implementar um padrão de desenvolvimento que transforme as tendências globais em oportunidades, de forma não predatória, e superar o falso dilema entre conservação entendida como preservação intocável e a utilização entendida como destruição.
“Produzir para conservar é a meta para o novo paradigma científico e tecnológico”, disse, ao lembrar outras questões a serem consideradas, como os conflitos de interesses na região.
As considerações foram feitas em videoconferência realizada no segundo simpósio da série de encontros promovida pelo Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG/MCTI), por meio do projeto INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O objetivo é discutir as propostas da pensadora por um novo modelo de desenvolvimento da Amazônia.
O encontro, realizado nesta quinta-feira (7), no Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), em Brasília, reuniu cerca de 50 especialistas - entre pesquisadores, gestores públicos e empresários - e contou com a participação do secretário executivo do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação, Luiz Antonio Elias e do secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento, Carlos Nobre.
Referência
Aos 82 anos, Bertha é apontada como referência na área. A carioca realizou sua primeira visita à Amazônia no fim dos anos 60 e, desde então, fez do bioma seu grande foco de pesquisa.
É doutora e livre-docente em geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e realizou o pós-doutorado no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Membro Academia Brasileira de Ciências, atua como consultora na formulação de políticas públicas para o MCTI e para os ministérios da Integração Nacional e do Meio Ambiente.
Luiz Antonio Elias lembrou as inúmeras contribuições da geógrafa em eventos do ministério, entre elas, a Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia, que orientou a elaboração da Estratégia, Nacional de Ciência e Tecnologia (2012-2015).
O secretário ressaltou o pensar a ciência e a tecnologia de forma inclusiva para a Amazônia com olhar nas dimensões econômica, social, espacial e territorial. “Isso trouxe elementos importantes para que desenvolvêssemos políticas públicas pensando a inovação como um processo inclusivo”.
Em sua apresentação, Carlos Nobre traçou um esboço do programa Estruturante para a Amazônia, que vem sendo desenhado por sua pasta, pela Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Setec) do ministério e por instituições de pesquisa. O programa, com foco na formação e na inovação, considera recomendações da pensadora.
“Bertha trouxe contribuições que nos iluminaram para entender no que precisamos avançar em ciência e tecnologia na Amazônia nesse contexto de enorme diversidade étnica, cultural e biológica”.
O presidente do CGEE, Mariano Laplane, ressaltou o legado “rico e original” para nortear as discussões sobre a Amazônia, ao contemplar vários pontos de vista. “Formular políticas públicas exige ser capaz de focar, diferenciar e calibrar cada uma das ações públicas e com uma visão que incorpore o conhecimento acumulado com a combinação de múltiplos saberes”.
Os problemas socioeconômicos regionais, a falta de mão de obra qualificada e de um marco regulatório que permita o acesso adequado à biodiversidade também pontuaram as discussões no CGEE.
A primeira rodada do encontro que discute as propostas de Bertha Becker, e que funciona como uma oficina entre especialistas para a elaboração de um plano para o desenvolvimento da Amazônia, ocorreu em janeiro, na sede do BNDES, no Rio de Janeiro. O próximo encontro ocorre em maio, em Belém.

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